Nelas estão instalados o Museu Claudio Oscar Becker, a Casa Zimmermann, onde funciona o Armazém Colonial, a Casa do Artesão, o Departamento de Turismo e Cultura e a Casa Amarela, restaurante que serve a culinária típica alemã.
É um conjunto estrutural de elementos ordenados e ligados entre si em ambas as extremidades.
Cada haste é um componente de pelo menos um compartimento, ou seja, um polígono.
Este princípio só é possível a partir do equilíbrio da distribuição de forças de pressão e tração – cargas e independe do modo que é fixado – não perderá a característica de uma treliça.
Também independe do material usado. Podendo ser madeira ou não.
A lenda do Buraco do Diabo
O Buraco do Diabo tem uma história curiosa, que nada tem a ver com o chefe daquele lugar para o qual a maioria vai.
Na verdade, por um equívoco é que o lugar ficou conhecido assim: é o que foi passado de geração em geração e é bem plausível.
Imagine-se o início da povoação de nossa cidade, onde muitos foram habitar aquele local de baixada, ao lado do Arroio Feitoria.
O deslocamento de um lugar a outro dava-se a pé ou em lombo de cavalo, pelo mato e por caminhos cercados de capim alto.
Agora, imagine o susto de um colono, ao se deparar, ao anoitecer, com uma criatura jamais vista, com os braços abertos e um longo focinho.
Apavorado, saiu em disparada anunciando a todos que que havia se encontrado com o próprio demônio, que tinha visto o diabo lá no buraco.
Em pouco tempo, a expressão se espalhou: lá no Teufelsloch (Leia: Tói – fêls – lôch)
E o que seria?
Mais tarde verificaram que era um tamanduá, comum aqui na região, mas desconhecido para os colonos alemães.
Para piorar, o bicho quando ameaçado fica de pé e abre os braços.
Já o Padre Carl Schlitz, em “Crônicas sobre Bom Jardim, apresenta outra explicação para o nome “Buraco do Diabo”.
Segundo ele, o referido vale recebeu esse nome do morador Peter Adam Noschang, porque o terreno era tão íngreme que ninguém conseguia descer e subir sem se segurar nas árvores.
Casa Amarela ou Casa Comercial do Ludwig é porta de entrada do Núcleo das Casas Enxaimel.
Construída em 1907, em estilo eclético, teve como primeiro proprietário, o sr. Georg Heinrich Ludwig, que ali instalou uma “venda”.
Com uma área de 224 m2, dividida em seis aposentos.
Posteriormente, em 1938, a casa foi vendida para a empresa Schneider Irmãos.
A Casa Amarela abrigou, além da Casa Comercial, a indústria de laticínios Alberto Schneider & Cia Ltda. e o Banco Industrial e Comercial do Sul (atual Santander).
Porém, com a grande enchente da década de 1960, ocorreu um processo de abandono, pois as famílias migraram para outros lugares.
Em 2004, a prefeitura, na gestão do prefeito Arnaldo Kney, adquiriu o imóvel.
Como não havia dinheiro para reforma, o prédio ficou temporariamente desocupado.
Pouco depois, em 2005, um incêndio destruiu parte da estrutura.
Na gestão da sra. Maria de Lourdes Bauermann, foram obtidos recursos da Alemanha, através do Consulado de Porto Alegre, para a reforma do prédio.
A Casa Amarela, então, passou a ser usada para fins comerciais.
Ela integra a área de tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional.
Construída com a técnica enxaimel, a casa é dividida em vários ambientes.
Além de uma sala anexa nos fundos, conta com um sótão com janelas de vidro para iluminação e ventilação.
As portas são em duas folhas com almofadas, janelas com tampões de abrir à francesa.
Segundo variadas informações, esta casa era a moradia de Georg Heinrich Ludwig, dono da casa comercial ao lado, hoje conhecida como Casa Amarela.
Posteriormente, foi vendida à família Schneider.
Entretanto, já com a casa em ruínas, a Prefeitura de Ivoti adquiriu o terreno em 2001, conforme nº de matrícula 17738 do Registro de Imóveis e a reconstruiu em anos posteriores.
Atualmente, é utilizada pelo Departamento de Cultura e Turismo de Ivoti.
A Casa do Artesão está instalada em uma construção datada do início do século XIX.
A atual “Casa do Artesão”, foi construída utilizando a técnica enxaimel e conta com área e cozinha nos fundos.
Essa casa foi construída sobre uma base baixa de pedras, sem vigamento de madeira na base.
Estima-se que a construção remonta, provavelmente, a meados do século XIX.
Theobaldo Ewerling comprou os lotes, em 1949, já com as construções, de Jacob Tohm.
Ali, morou Margarida Ewerling, costureira da vila, na época.
Houve também um período em que a casa foi utilizada como escola, tendo como professora Joana Scherer que ali dava aulas.
Depois de pertencer a Herberto Bockorny, segundo informações orais, a casa pertenceu a:
Oscar Weber
Professor Nicolau Fridolino Kunrath
Dealmo Marmitt
Leopoldo e Elwira Eidelwein e
Alberto Eidelwein, filho deles, que foi o último proprietário e morador da casa.
A prefeitura de Ivoti adquiriu o imóvel, conforme Ofício de Registro de Imóveis – Comarca de Estância Velha – Livro nº 2, matrícula nº 16544, na data de 2 de fevereiro de 1990.
Hoje a casa está cedida pela Prefeitura, à Associação para Desenvolvimento Turístico de Ivoti.
Nela, associados expõem e vendem seus produtos.
Entre os itens à venda, estão objetos de decoração, quadros, panos de prato, roupas, utensílios de cozinha, entre outros.
Atendimento: de segunda a sexta, das 9h às 11h30min e das 13h às 17h.
Sábados e domingos, das 9h às 17h.
Endereço: Rua da Cascata, s/nº – Bairro Feitoria Nova
A Casa Copiada recebeu este nome, pois não é original.
Foi construída com material de demolição, de outras casas enxaimel.
Propriedade de Carlos Lima, ela é a mais fotografada do Núcleo..
Outras Casas Enxaimel, em Ivoti
CASA HOLLER
A Casa Holler foi construída em estilo enxaimel entre o fim do século XIX e início do século XX.
O andar superior serviu de moradia para Guilherme Holler e sua esposa Felippina Guilhermina Fick e seus 9 filhos.
Originalmente, o prédio servia de salão de baile e, sucessivamente, foi transformado em fábrica de tamancos e de selas” (WEIMER, 1983, p. 180).
Conforme Klein, “no despontar do século XX, Guilherme Holler instalou uma atividade manufatureira no porão de sua casa […], no início, Guilherme dedicava-se à manufatura de selas de cavalo e utensílios de montaria” (KLEIN, 2013, p. 455).
“Mais tarde, passou a confeccionar chinelos, tamancos e botas de couro cru. Finalmente, por volta de 1916, iniciou a confecção de calçados mais sofisticados, sob medida” (KLEIN, 2013, p. 455).
Sobre a família Holler
Os primeiros registros encontrados sobre a presença da família em Bom Jardim, remontam aos primeiros anos da povoação.
Isso, quando o casal evangélico Holler (Carl Holler e Maria Elisabeth) batizou a filha Maria Catharina em 21 de julho de 1828 (KREUTZ; ROST, 2013, p. 55). Weimer (1983, p. 180).
Considera-se possível a hipótese de que Guilherme Holler, o antigo proprietário, seja descendente do imigrante Carl Holler.
“Não conseguimos saber se o prédio foi construído por seus ancestrais. Sabe-se apenas que a família Holler o possuía desde tempos imemoriais” (WEIMER, 1983, p. 180).
Tempos depois, o casarão é vendido, passando a ser conhecido como Casa Exner, pois pertenceu à família Exner, de 1951 a 2012.
Documentário Salão Holler
A Casa, ou melhor, o Salão Holler, é um dos exemplares mais significativos da arquitetura da imigração alemã no Rio Grande do Sul.
O primeiro estudo que trata sobre o bem foi a pesquisa acadêmica do professor Günter Weimer (1983, 2005).
Posteriormente, textos de Albanita Klein e Roque Amadeu Kreutz (ambos de 2013, da obra “Bom Jardim – Ivoti: no palco da História”) apresentam informações importantes sobre o prédio.
Em meados de 2013, a casa se encontrava na iminência de demolição.
A partir disso, os membros dessa organização montaram um dossiê sobre a situação do bem, seu histórico e a demolição que estava em curso, documento que foi encaminhado à promotoria local.
Constatada a agressão à edificação, comunicou-se ainda, a Prefeitura Municipal e o IPHAE.
No dia 17 de junho, as obras foram embargadas e foi dado iniciou ao processo de tombamento provisório da casa, com vias de proteção.
O tombamento do prédio só se tornou definitivo ao fim do processo, no início do ano de 2014, em 13 de janeiro, pela portaria estadual número 001.
Em fevereiro de 2021, a prefeitura iniciou o processo de restauração, anunciando que este será realizado em três etapas.
KLEIN, Albanita; KREUTZ, Roque Amadeu. O Casarão dos Holler. In: KREUTZ, Roque Amadeu (org.). Bom Jardim – Ivoti: no palco da História. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. | KONRAD, Adriana; BRUM, Cristiano Enrique de; OLIVEIRA, Suzana Vielitz de; MARONEZE, Luiz Antônio Gloger. Percurso Patrimonial: as ações de preservação para o Salão Holler da cidade de Ivoti/RS. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.155, p.123-148, 2018. | MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Promotoria de Justiça de Ivoti. Inquérito civil IC.01233.00004/2013. | RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Cultura. Portaria 001, de 13 de janeiro de 2014. Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul,Porto Alegre, ano 72, n. 8, 13 jan. 2014, p. 45. | SÃO LEOPOLDO. 2º Cartório de Orphãos de São Leopoldo. Inventário s.nº. Falecida: Felippina Guilhermina Holler. Inventariante: Guilherme Holler. 1924-1925 [Setor de Arquivo do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Etiqueta F9001994860047]. | – SÃO LEOPOLDO. 3º Distrito – Ivoti. Escritura de Compra e Venda. Outorgante: Benno Enzweiler e sua mulher. Outorgado: Felipe Exner e Benno Exner. 1952. | – WAGNER, Daniel. Estalagem Holler e restauração do Salão Holler em Ivoti. Trabalho de Conclusão (Curso de Arquitetura e Urbanismo). Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo-RS, 2017. | WEIMER, Günter. Arquitetura da Imigração Alemã: um estudo sobre a adaptação centro-europeia ao meio rural do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/São Paulo: Ed. da Universidade UFRGS/Nobel, 1983. | WEIMER, Günter. Arquitetura Popular da Imigração Alemã. 2 ed. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
BIBLIOGRAFIA
KREUTZ, Roque Amadeu. Feitoria Nova ou Buraco do Diabo. In ___(organizador) Bom Jardim-Ivoti no Palco da História. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. | KLASSMANN, Mário Silfredo. Teufelsloch – A história de um Topônimo. In KREUTZ, Roque Amadeu (organizador). Bom Jardim-Ivoti no Palco da História. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. | FRITSCH, Heyde. A Casa Amarela. In KREUTZ, Roque Amadeu. –Bom Jardim-Ivoti no Palco da História. Novo Hamburgo, Feevale, 2013. | SCHLITZ, S. J., Carl – Die Brücke über die Feitoria im Teufelsloch. In: Chronick von Bom Jardim. II Theil, Drittes Kapitel. | WEIMER, Günter. Arquitetura da Imigração Alemã – um estudo sobre a adaptação da arquitetura centro-europeia ao meio rural do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. | PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS. Pesquisa Arqueológica e Valorização do Patrimônio arqueológico núcleo da Feitoria Nova – Buraco do Diabo, Ivoti. Porto Alegre: PUCRS, monografia digitada, 2007. (Técnico responsável: Paulo Alexandre da Graça Santos).
2 comments