Colônia Japonesa de Ivoti
A Colônia Japonesa de Ivoti faz parte do Vale das Palmeiras.
Ela está situada entre as ruas Monte Fuji, Vale das Palmeiras e Sakura e faz divisa a leste, com o município de Dois Irmãos.

Criada em 1966, quando 26 famílias vindas das províncias de Kagoshima-Ken, Kumamoto-Ken e Hokkaido, estabeleceram-se na região em busca de novas oportunidades.
A Colônia Japonesa de Ivoti, possui uma Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Ivoti, que conta, hoje, com mais de 60 associados.
A Colônia Japonesa de Ivoti e seus primeiros imigrantes



Em 20 de dezembro de 1966 chegava em Ivoti, Toyohiko Sasada.
Toyohiko, juntamente com Noritoshi Sasada, Inosuke Ueda e Iwao Kagaochi, fazia parte comissão formada para a escolha das terras do Vale das Palmeiras.
A comissão dividiu as propriedades entre as 26 famílias de imigrantes japoneses, provenientes de Viamão e Gravataí.
Foram 37 terrenos no Vale das Palmeiras, sendo 30 em Ivoti e sete no município vizinho de Dois Irmãos.
Esses últimos, na fronteira leste do município de Ivoti, só foram ocupados no início dos anos 70.
A importância do JAMIC na criação da Colônia Japonesa
Os imigrantes que se estabeleceram na Colônia Japonesa de Ivoti, vieram em busca de alternativas, pois o Japão havia sido devastado pela 2ª guerra mundial.
Vieram auxiliados pela JAMIC – Japan Agency Immigration Cooperation, instituição japonesa, que auxiliava emigrantes a se estabelecerem em outros países.
A JAMIC disponibilizava linhas de crédito para compra de terras a juros baixos, além de oferecer um programa de medicina preventiva, com vacinas e visitas às casas.
Também orientavam os emigrantes através de publicações como dicionários português/japonês, além de orientações sobre a fauna e a flora brasileiras.
A chegada dos imigrantes




Os imigrantes chegaram ao Brasil, vindos de navio, partido do Porto de Kobe, numa viagem que levou cerca de 52 dias.
Eram, em sua grande maioria, habitantes das províncias de Kagoshima-Ken, Kumamoto-Ken (ilhas ao sul), Hokkaido (ilha mais ao norte).
Cada família recebeu em média cinco hectares de terra para cultivo, onde construíram suas casas.
A princípio as casas eram todas de madeira, porém foram sendo substituídas gradativamente por de alvenaria.
Dentro de um sistema cooperativado as famílias organizaram um aviário, para comercializar os frangos e utilizar o esterco como fertilizante natural, pois o solo encontrava-se desgastado por plantações anteriores.
O principal objetivo das famílias na Colônia Japonesa de Ivoti, era a produção uvas de mesa, além do plantio de hortaliças e outras frutas como a bergamota e o caqui.
No início foi necessário construir uma barragem no Arroio Capim, para consumo e irrigação das plantações.
Somente em 1977, com verba obtida junto a JAMIC, foram perfurados poços artesianos o que facilitou em muito a vida da comunidade.
A Cooperativa Hortigranjeira Mista da Colônia Japonesa de Ivoti





Em 20 de fevereiro de 1969 foi constituída a Cooperativa Hortigranjeira Mista Ivoti Ltda, que tinha como finalidade fortalecer todos os produtores.
Foi de extrema importância para o crescimento econômico e estabelecimento de uma relação direta entre o produtor e o consumidor.
A cooperativa iniciou com os seguintes sócios:
- Atsuo Matsumura,
- Chozaburo Miwa,
- Eijiro Kamimura,
- Haruyuki Shimozono,
- Ichiro Yamada.
- Inosuke Ueda,
- Isao Fukumoto,
- Iwao Kagaochi,
- Kazuhiro Miyabe,
- Keisuke Neshiba,
- Kiyoshi Matsumura,
- Kuniharu Orita,
- Kuniyoshi Omomo,
- Noboru Tanizaki,
- Norihiko Sakuragui,
- Sadao Suzuki,
- Shigeo Goshiyama,
- Shohei Kisaki,
- Sueo Chiba,
- Sumikazu Arima,
- Tadahiko Ozaki,
- Tadahiro Takeuchi,
- Tadaomi Yano,
- Teruo Tanaka,
- Tomichiro Ishigami,
- Toru So,
- Toyohiko Sasada,
- Yukinori Sato e
- Yukio Oike.
No início da década de 70 houve safra recorde de produção de uvas de mesa tipo Itália, que foram chamadas de “uvas japonesas” na cidade.
Mais tarde, a atividade foi substituída pela produção de hortaliças, mudas de hortaliças e flores de corte.
Também há famílias cujos filhos retornaram ao Japão por verem naquele país melhores possibilidades de crescimento econômico.
A Colônia Japonesa de Ivoti e suas associações
Em 1971, foi construído o prédio, onde hoje fica o Memorial da Colônia Japonesa, com o objetivo de dar sede a uma escola de ensino básico.
Associação de Assistência Nipo-Brasileira do Sul
Responsáveis pela saúde dos imigrantes e seus descendentes, dispõe de médico que faz visitas periódicas as famílias com a finalidade de diagnosticar e orientar tratamento.
Também faz a prevenção de doenças através da vacinação.
A Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Ivoti
Vinculada a Associação de Assistência, foi fundada em 1981, substituiu o espaço do Clube de Japoneses.
Ela difunde e preserva a cultura e as tradições japonesas promovendo atividades nas quais todos podem participar:
O Undoukai, que é uma gincana esportiva.
O Engueikai, o festival cultural com música, dança e karaokê em japonês.
A comemoração que registra a passagem da adolescência para a vida adulta, para os jovens que completam 20 anos.
A pratica do Gateball (esporte semelhante ao cricket)
Do Softball (similar ao beisebol, mas numa versão mais “leve”).
O aprendizado da técnica do origami, dobradura com papel.
Há ainda uma escola de língua japonesa, além da prática do Sumô e Judô.
É a celebração de Réveillon “Shogatsu” – evento de união de todos os habitantes da Colônia, onde é costumeiramente feito o “mochi”, bolinho de arroz glutinoso, triturado em pasta e depois modelado.
Durante as comemorações de Ano Novo, que no Japão duram vários dias, realiza-se o festival do mochitsuki em que o mochi é preparado e oferecido ao público.
A Colônia Japonesa hoje
A língua – A grande maioria dos moradores da Colônia fala o japonês, principalmente para comunicarem-se entre si.
A religião – Praticam o budismo, mas a maioria dos membros do grupo são batizados na religião católica ou luterana.
Seu legado – O hábito de consumir verduras; suas técnicas agrícolas; a organização e também disciplina e intenso espírito de união, que servem de inspiração a todos ivotienses.
Fonte e fotos:

Gabriela Dilly Graduada em História e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional das Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT)
Daniel Luciano Gevehr Doutor em História e professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional das Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT)